domingo, 23 de março de 2025

Entrevista: LENILSON GUEDES - jornalista e radialista, por oito anos assumiu o cargo de Diretor Operacional da Rádio Tabajara

 

*1983: Há 42 anos o jornalista e radialista Lenilson Guedes, aos 19 anos, conquistava seu primeiro emprego. Na Rádio Tabajara AM 1.110. Na emissora trabalhou muitos anos e por oito anos assumiu o cargo de Diretor Operacional. 

Lenilson, em julho de 1989, foi eleito presidente do Sindicato dos Radialistas da Paraíba. O primeiro presidente eleito foi Assis Mangueira, um dos ícones da radiofonia paraibana, grande nome da Tabajara.

Em entrevista para o blog O Reporter10, Lenilson conta fatos de sua trajetória profissional ao tempo em que estreia a série VOCÊ é NOTÍCIA, projeto que deverá resultar em livro.


 

Lenilson Guedes, Walter Cartaxo e Edmilson Pereira nos estúdios da Rádio Tabajara 

O Repórter10 – Lenilson Guedes, em janeiro de 1989, quando eu ingressei na Rádio Tabajara AM como estagiário, você já era repórter da emissora junto com Emilson Pereira, Juarez Diniz, o noticiarista Assis Mangueira, o redator e editor Nakamura Black, para citar alguns profissionais. Porém, depois você se tornou Diretor Operacional, creio que após Hermano Ponce. Você era jovem e passou vários anos nesse cargo. Te pergunto, como foi aquela experiência e se antes da Tabajara você trabalhou noutra empresa?

 

Lenilson Guedes – Meu primeiro emprego de carteira assinada foi na rádio Tabajara. Ingressei em 1983, quando a Tabajara funcionava na avenida João Machado. Na época, eu tinha 19 anos de idade e trabalhava com meu pai no comércio informal no centro da cidade. A Tabajara foi a última emissora em que eu fui procurar emprego. Primeiro tentei na Correio AM. Não tive sorte. Depois fui à Arapuan AM. Também recebi um não. Só na Tabajara é que tive as portas abertas. Graças a Roberto Carlos de Oliveira e Manoel Raposo. De simples funcionário consegui no governo de Ronaldo Cunha Lima ser promovido para um cargo de direção. Confesso que não estava nos meus planos ocupar o cargo de diretor. Senti o peso de comandar uma equipe de feras como Geraldo Cavalcanti, Airton José, Carlos Antônio, Jadir Camargo, Hermano Ponce e tantos outros que tinham muito mais tempo de rádio e que poderiam estar no meu lugar. Mas com humildade procurei dar conta do recado. E acabei ficando por oito anos consecutivos no cargo de diretor de programação.

 

O Repórter10 – Ainda sobre os anos no cargo de Diretor de Operações nos conte alguns fatos que julgar relevantes.

 

Lenilson Guedes - Teve um episódio que eu nunca falei publicamente. Havia em Brasília um correspondente da Tabajara que fazia entrevistas no programa de Germano Barbosa com políticos da Paraíba. Eu era diretor de programação no governo de José Maranhão, que havia assumido a chefia do governo com a morte de Antônio Mariz. Ronaldo Cunha Lima, que no seu governo havia me nomeado diretor da Tabajara, estava prestes a romper com Maranhão. Teve um dia que o repórter de Brasília avisou ao pessoal do programa de Germano que iria fazer uma entrevista ao vivo com Ronaldo. Eu entrei em contato com ele, não para vetar a entrevista, mas para pedir para não falar da briga dele com Maranhão. O fato é que Ronaldo entendeu que estava proibido de falar na Tabajara. O então secretário da Casa Civil, Solon Benevides, me telefona dizendo que Ronaldo havia ido se queixar a Humberto Lucena. Expliquei o que tinha acontecido, que não havia nenhum veto e Solon me pede para ligar para o senador Humberto Lucena. Quando já me preparava para ligar para Humberto, Solon me liga novamente e pede que eu entre em contato com o próprio Ronaldo para dar as explicações. Liguei para o gabinete de Ronaldo e aí passaram a ligação para o Plenário do Senado. Ronaldo atende e eu esclareço tudo, dizendo que jamais daria uma ordem dessa. Com as explicações, ele viu que eu tinha razão, que não era bom naquele momento de crise abordar o assunto. Mas foi uma situação muito tensa.

 

 O Repórter10 - Como era o processo de produção e transmissão do programa do governador naqueles tempos?

 

Lenilson Guedes – No governo de Ronaldo quem apresentava o programa era Juarez Amaral. Ele vinha toda semana de Campina Grande para gravar o programa. Houve um dia que a agenda do governador estava cheia e Juarez, que tinha um programa logo cedo no rádio, não pôde ficar em João Pessoa e eu acabei fazendo o programa. Mas no governo de Maranhão eu tanto apresentei como participei da produção. Eu preparava os assuntos e mostrava para o governador antes da gravação. Tinha assunto que ele mandava tirar. O que mais José Maranhão gostava de falar no programa era sobre o projeto Cooperar. Toda semana tinha que estar na pauta. A equipe do programa era composta por Nonato Guedes e Fábia Carolino na apresentação; Clodoaldo de Oliveira na técnica e Lenilson Guedes na produção.

 

O Repórter10 – Você, além de competente repórter, redator, também é um excelente locutor noticiarista, nos fale sobre essa missão em noticiários da Rádio Tabajara.

 

Lenilson Guedes – Ainda quando trabalhava no comércio informal nas ruas de João Pessoa eu ouvia Paulo Rozendo apresentando o Informativo Tabajara e dizia que um dia eu iria apresentar aquele noticiário. E acabei fazendo não só o Informativo Tabajara como outros programas jornalísticos da Tabajara. Fiz por muito anos o Jornal Estadual, que depois passou a se chamar Revista Estadual. Atuei ao lado de grandes noticiaristas como Paulo Rozendo, Antônio Assunção, Assis Mangueira, Germano Barbosa, Airton José e por último Walter Cartaxo.

 

O Repórter10 – No seu currículo há ainda o Lenilson Guedes cerimonialista. Como foi essa experiência?

 

Lenilson Guedes – Interessante essa pergunta porque me dá a oportunidade de contar um episódio que aconteceu no comecinho da minha carreira. Foi na inauguração do conjunto Mário Andreazza em Bayeux no governo de Wilson Braga. Eu fui escalado por Pedro Moreira para fazer a reportagem para o Jornal Estadual. Minha tarefa era gravar entrevista com as autoridades e levar para a Tabajara. Só que aconteceu um problema, que foi a falta do locutor do cerimonial. Por algum motivo ele não estava presente e aí como viram o carro de reportagem da Tabajara acharam que o locutor da emissora daria conta do recado. Eu expliquei que não tinha experiência com o microfone, que estava ali apenas como repórter. O certo é que tiveram de arranjar um locutor de carro de som para fazer a solenidade. Encerrada a cerimônia, o governador foi bater na Tabajara para uma reunião com toda a diretoria. Foi uma bronca grande. Mas a minha experiência de fato como cerimonialista foi no final do governo Burity. Como o mestre de cerimônia do Palácio não queria mais fazer as transmissões eu fui escalado por Hermano Ponce para atuar como mestre de cerimônia nas inaugurações da gestão de Burity. Lembro de algumas delas como o Hemocentro, o Mercado de Artesanato, o Terminal Rodoviário de Cajazeiras, dentre outras. Também atuei como mestre de cerimônia nos governos de Ronaldo e Cícero. No Tribunal de Justiça fiz muitas solenidades.

 

O Repórter10 – No ano de 1995, na morte do governador Antônio Mariz, a Rádio Tabajara transmitiu em grande cadeia de rádio a notícia do falecimento, flashs direto do velório e registros ainda do cortejo fúnebre e sepultamento do corpo do governador no cemitério Senhor da Boa Sentença, em João Pessoa. Relate como se deu essa cobertura que está documentada no livro O Adeus a Mariz.

 

Lenilson Guedes – Pois é, existe um livro que tem toda a cobertura que fizemos pela Tabajara. Posso dizer que foi uma das coberturas que me marcaram no rádio. Eu citaria duas: a cobertura da morte de Mariz pela Tabajara e a cobertura da morte de Enoque Pelágio quando eu trabalhei na Arapuan AM.

 

O Repórter10 – O tempo passou, você ficou uma temporada fora da emissora do governo e depois veio a aposentadoria. Nos fale um pouco sobre essa fase.

 

 Lenilson Guedes – Quando completei 35 anos de carteira assinada dei entrada na minha aposentadoria pelo INSS. Meu desligamento da rádio Tabajara se deu no governo de Ricardo Coutinho. Desde o governo de Cássio Cunha Lima que eu estava ausente dos microfones da Tabajara. Embora fosse funcionário da emissora, eu não atuava mais nos microfones. Não por culpa minha, mas por questões políticas.

 

O Repórter10 – Surgiram convites de outras emissoras, uma delas a rádio CBN. Quantos tempo atuou lá e como foi essa experiência depois de tantos anos na Tabajara?

 

Lenilson Guedes – Depois da Tabajara trabalhei no Sistema Correio de Comunicação (rádio e jornal). No rádio eu fazia um programa logo cedo, das 6h às 8h, com Marcelo José. Fomos campões de audiência, de acordo com o Ibope. Depois trabalhei na Rede Paraíba (rádio e jornal). Tinha uma participação na CBN com uma coluna política no horário da manhã. Depois que fui demitido da Rede Paraíba surgiu um convite do meu amigo Rui Dantas para trabalhar na RPN, que hoje se chama POP, no bairro de Mangabeira. Eu fui o primeiro locutor a falar nos microfones da emissora. A primeira voz a entrar no ar.


Lenilson Guedes nos estúdios da CBN. As moças são Nelma Figueiredo e Verônica Guerra
 

Em julho de 1989 Lenilson é eleito presidente do Sindicato dos Radialistas da Paraíba


O Repórter10 – Atualmente você é um dos assessores de imprensa da equipe do Tribunal de Justiça da Paraíba. Mas essa relação com a Ascom do TJPB tem vários anos já em algumas gestões é isso?

 

Lenilson Guedes – Eu trabalhei em dois momentos no Tribunal de Justiça. Na primeira vez entrei na gestão do desembargador Plinio Leite Fontes. Fiquei até a gestão do desembargador Sílvio Ramalho. Voltei a trabalhar no Tribunal na gestão do desembargador Márcio Murilo.

 

O Reporter10 – Os irmãos Guedes: Nonato, Lenilson e Linaldo são uma referência nos meios de comunicação da Paraíba. Lembro que os três comentaram certa vez na Tabajara sobre resultados eleitorais, temos foto inclusive no livro sobre a Tabajara, que publicamos. Nonato Guedes é um dos ícones da seleção de melhores textos da imprensa paraibana. Qual a sensação em ser irmão de Nonato Guedes e também ser jornalista, a exemplo do irmão caçula Linaldo?


 

                                              Os irmãos Nonato e Lenislon Guedes


Lenilson Guedes – O mano Nonato é um jornalista completo. Tem um dos melhores textos da imprensa brasileira. Admiro muito ele e posso dizer que se estou hoje na mesma profissão é graças a ele que nos inspirou. Você ter em casa um jornalista como Nonato é um luxo. Meu irmão Linaldo desde cedo já mostrava que seria jornalista. Ele tinha um caderno que anotava tudo que acontecia em casa. Se chamava Jornal dos Guedes. Ele fazia a reportagem da semana e todo mundo ficava curioso para ver as notícias que iam ser publicadas no caderno.

 

O Repórter10 – Sertanejos de Cajazeiras os irmãos Guedes não são os únicos que conquistaram espaço na comunicação em João Pessoa. Podemos citar Gutemberg Cardoso, Antonio Malvino, Josival Pereira, Walter Cartaxo, Assis Mangueira, Lena Guimarães, Adelson Barbosa, Edmilson Pereira, Ruy Dantas, Nilvan Ferreira, Heron Cid, Fabiano Gomes, dentre outros. Qual sua leitura sobre esse fenômeno migratório de sertanejos na imprensa pessoense? Penso que é algo natural, conquistar redações e microfones na capital, em busca do grande púbico e do reconhecimento, concordas?

  

                Lenilson, Gutemberg Cardos, Josival Pereira, Ruy Dantas e Marcelo José


 Lenilson Guedes – O pessoal do sertão tomou conta da imprensa da Capital. Isso é muito bom. Mostra que os grandes talentos estão nas pequenas cidades. O que falta é oportunidade.

 

ORepórter10 – Por fim, fique à vontade para algum outro assunto que queira abordar.

 

Lenilson Guedes – Agradecer o espaço e dizer que valeu a pena ter ingressado no rádio lá nos idos de 1983. Realizei o sonho de menino de um dia trabalhar no rádio.

 

*entrevista concedida ao jornalista Josélio Carneiro de Araújo

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