segunda-feira, 12 de maio de 2025

Mazukyevicz concede entrevista para o livro Policiais Penais da Paraíba - PERFIS (volume I)

 



            Um grupo de policiais penais – homens e mulheres de talento – aceitou nosso convite e cada um (a) será autor (a) do livro Policiais Penais da Paraíba – PERFIS (volume I). Combinamos que as entrevistas seriam publicadas aqui no blog O Repórter anunciando o futuro livro. A primeira entrevista postada aqui foi com o diretor geral do Grupo Penitenciário de Operações Especiai – GPOE, Fabiano Lucas, e alcançou repercussão muito positiva com recorde de acessos.

 

    Agora apresentamos aos que fazem a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária da Paraíba – SEAP-PB, a entrevista com Mazukyevicz Nascimento, diretor da Escola de Gestão Penitenciária da Paraíba – EGPEN-PB.  Já temos outras entrevistas no gatilho, em edição.

 

       Na condição de policial penal, jornalista e escritor, sigo na missão voluntária de levar o pensamento dos colegas policiais penais à páginas de livros. Estamos, todos nós, escrevendo a história contemporânea do sistema prisional paraibano que está inserido no sistema penitenciário brasileiro.

 

Confira a entrevista com o colega Mazukyevicz:

 Entrevista a Josélio Carneiro

    Qual foi a impressão nos primeiros dias ou meses no sistema prisional paraibano e por onde começou, qual unidade?

 

    A primeira impressão que tive quando adentrei uma unidade prisional certamente não foi diferente da primeira impressão de tantas outras pessoas que conhecem esse espaço, seja na condição de profissionais, seja na condição de sociedade civil, seja na condição de pessoas privadas de liberdade. Porque, no geral, a visão que a sociedade como um todo tem do espaço prisional é carregada de valores negativos. Então, desconfianças, preconceitos, medos fizeram parte também desse meu primeiro momento de ingresso, que aconteceu na Penitenciaria de Segurança Máxima Geraldo Beltrão em João Pessoa.

    No entanto, aos poucos, eu fui descobrindo que se tratava de um ambiente como qualquer outro, formado por pessoas dos mais diferentes tipos, dos mais diferentes perfis, e que caberia a mim estabelecer, a partir das minhas relações e do meu comportamento, um ambiente mais tranquilo, um ambiente mais humano, um ambiente mais seguro, um ambiente menos conflituoso.

 

    Passados esses anos, em quais unidades prisionais atuou e quais as funções/cargos exerceu? Nos conte tópicos de sua trajetória até aqui.

 

    Primeiro, ingressei na Penitenciária Geraldo Beltrão, depois passei pela Penitenciária de Psiquiatria Forense, depois fui convidado a fazer parte da equipe pioneira da Gerência Executiva de Ressocialização no ano de 2011, na sequência, tive a oportunidade de assumir a Coordenação Estadual de Educação em Prisões, finalmente recebi o convite no ano de 2013 a assumir a Direção da Escola de Gestão Penitenciária, cargo que ocupei até o ano de 2019, depois fui convidado a trabalhar na Subgerência de Programas e Projetos da Secretaria Penitenciária, e mais recentemente, no ano de 2022, retornei à Escola de Gestão Penitenciária na condição de diretor, cargo em que permanece até o momento. E durante todo esse tempo também pude ocupar algumas funções em comissões, em conselhos, representando a secretaria junto a alguns espaços da sociedade civil, alguns espaços junto ao antigo DEPEN, Secretaria Nacional de Políticas Penais, e trabalhando sempre para o desenvolvimento da Polícia Penal e do Sistema Penitenciário da Paraíba.

 

    Qual leitura você faz hoje do Sistema Prisional Paraibano em comparação ao primeiro ano e quais lições/aprendizado você destacaria na sua trajetória profissional?

 

      Primeiro, é preciso respeitar e reconhecer a história daqueles profissionais que atuaram no sistema prisional paraibano antes da realização do concurso de 2008. Foi importante demais o aprendizado com esses profissionais. No entanto, ao longo desses mais de 15 anos, é importante reconhecer os avanços que a nova turma de profissionais conseguiu desenvolver dentro do Sistema Prisional Paraibano. Foram criados novos setores, novas funções, foram assumidas novas atribuições, foram conquistados alguns avanços no que diz respeito também ao reconhecimento profissional e institucional, fomos agraciados também com grandes resultados no campo da garantia de direitos, no campo da garantia da segurança, então o saldo, depois de tanto tempo de serviço prestado, penso eu, é um saldo de evolução positiva.

     Ser gestor no Sistema Penitenciário da Paraíba é uma missão honrosa e um grande privilégio, porque temos policiais de excelente nível técnico e ético, temos uma tarefa cotidiana de trabalho, bastante desafiadora, e poder atuar como gestor, ao lado de grandes profissionais, aprendendo a cada dia, trabalhando para o fortalecimento da prestação do serviço ao cidadão, é realmente uma tarefa que nos motiva e enche de orgulho.

 

Para você, o que representa ser policial penal, integrar a mais jovem Força de Segurança Pública da Paraíba?

 

    Ser policial penal é cumprir uma missão, primeiro constitucional, de defesa do cidadão na dimensão mais ampla da palavra, contemplando não só a segurança, mas sobretudo a geração de direitos e oportunidades, atuando em conjunto com as demais forças, para que possamos ter todos uma vida mais tranquila. Também é cumprir uma missão ética de acreditar na capacidade humana de reinventar sua história de vida, acreditar na construção de uma sociedade mais justa, acreditar que podemos contribuir para isso é o que justifica nosso trabalho.

 

Quais os desafios seus enquanto agente essencial nesse processo de formação da Polícia Penal e por consequência na evolução do sistema prisional do estado?

 

    O desafio é trabalhar em um espaço que carrega uma história de estigmas e preconceitos sociais, é trabalhar em uma força policial nova que está ainda construindo a sua identidade. O desafio é lidar com a cultura que muitas vezes não privilegia a oportunidade, a geração de esperança. Mas tenho certeza que a Polícia Penal da Paraíba tem se empenhado a fazer o seu trabalho da melhor maneira possível e tem alcançado os melhores resultados possíveis.

 

    Opine sobre essa produção literária dos últimos anos específica sobre o sistema prisional, a Polícia Penal. Você considera relevante contribuir, ser personagem, autor de artigos, de livros neste campo, escrevendo as primeiras páginas da história quase centenária da Seap-PB?

 

    A construção de uma cultura de paz, a mudança da sociedade, a melhoria do sistema prisional e da forma como tratamos a questão penal, ela depende também de estudo, de pesquisa, de diálogo, do compartilhamento das experiências, da literatura. Então eu vejo como uma forma importante de reforçar valores positivos do sistema prisional da Paraíba e reforçar o que há de bom no trabalho que é feito dentro do sistema prisional da Paraíba.

 

    Já escreveu ou pretende escrever livro autoral ou com colegas parceiros sobre temáticas relacionadas ao sistema prisional?

 

    Estudar e produzir textos, artigos, livros, trabalhos sobre o sistema prisional faz parte da minha tarefa de professor, da minha tarefa de pesquisador, da minha tarefa de gestor na área de educação em serviços penais. E eu tenho feito isso com grande dedicação. Seja no espaço acadêmico, seja no espaço institucional da Secretaria Penitenciária, seja no espaço nacional, nas oportunidades de publicação da Secretaria Nacional de Políticas Penais, eu tenho procurado difundir essas ideias e essas visões positivas sobre o trabalho que é feito pelos dedicados policiais penais da Paraíba e assim também em relação a todos os policiais penais e profissionais que atuam no sistema prisional brasileiro.

 

PERFIL

Nome: Mazukyevicz Nascimento

Local e data de Nascimento: João Pessoa, 17/07/82

Formação: Policial Penal na Paraíba. Diretor da Escola de Gestão Penitenciária da Paraíba. Doutor em Direito e Desenvolvimento. Mestre em Ciências Jurídicas. Especialista em Segurança Pública e Direitos Humanos. Professor Universitário. Foi consultor do INEP/MEC na área de educação em prisões, membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Execução Penal e do Conselho Estadual de Direitos Humanos.

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