Um grupo de policiais penais – homens e mulheres de talento – aceitou nosso convite e cada um (a) será autor (a) do livro Policiais Penais da Paraíba – PERFIS (volume I). Combinamos que as entrevistas seriam publicadas aqui no blog O Repórter anunciando o futuro livro. A primeira entrevista postada aqui foi com o diretor geral do Grupo Penitenciário de Operações Especiai – GPOE, Fabiano Lucas, e alcançou repercussão muito positiva com recorde de acessos.
Agora apresentamos aos que fazem a
Secretaria de Estado da Administração Penitenciária da Paraíba – SEAP-PB, a entrevista
com Mazukyevicz Nascimento, diretor da Escola de Gestão Penitenciária da
Paraíba – EGPEN-PB. Já temos outras
entrevistas no gatilho, em edição.
Na condição de policial penal,
jornalista e escritor, sigo na missão voluntária de levar o pensamento dos
colegas policiais penais à páginas de livros. Estamos, todos nós, escrevendo a
história contemporânea do sistema prisional paraibano que está inserido no
sistema penitenciário brasileiro.
Confira a entrevista com o colega
Mazukyevicz:
Qual foi a impressão nos primeiros
dias ou meses no sistema prisional paraibano e por onde começou, qual unidade?
A primeira impressão que tive quando adentrei
uma unidade prisional certamente não foi diferente da primeira impressão de
tantas outras pessoas que conhecem esse espaço, seja na condição de
profissionais, seja na condição de sociedade civil, seja na condição de pessoas
privadas de liberdade. Porque, no geral, a visão que a sociedade como um todo
tem do espaço prisional é carregada de valores negativos. Então, desconfianças,
preconceitos, medos fizeram parte também desse meu primeiro momento de ingresso,
que aconteceu na Penitenciaria de Segurança Máxima Geraldo Beltrão em João
Pessoa.
No entanto, aos poucos,
eu fui descobrindo que se tratava de um ambiente como qualquer outro, formado
por pessoas dos mais diferentes tipos, dos mais diferentes perfis, e que
caberia a mim estabelecer, a partir das minhas relações e do meu comportamento,
um ambiente mais tranquilo, um ambiente mais humano, um ambiente mais seguro,
um ambiente menos conflituoso.
Passados esses anos, em quais unidades prisionais atuou e
quais as funções/cargos exerceu? Nos conte tópicos de sua trajetória até aqui.
Primeiro, ingressei na Penitenciária Geraldo
Beltrão, depois passei pela Penitenciária de Psiquiatria Forense, depois fui
convidado a fazer parte da equipe pioneira da Gerência Executiva de Ressocialização
no ano de 2011, na sequência, tive a oportunidade de assumir a Coordenação
Estadual de Educação em Prisões, finalmente recebi o convite no ano de 2013 a
assumir a Direção da Escola de Gestão Penitenciária, cargo que ocupei até o ano
de 2019, depois fui convidado a trabalhar na Subgerência de Programas e
Projetos da Secretaria Penitenciária, e mais recentemente, no ano de 2022,
retornei à Escola de Gestão Penitenciária na condição de diretor, cargo em que
permanece até o momento. E durante todo esse tempo também pude ocupar algumas
funções em comissões, em conselhos, representando a secretaria junto a alguns
espaços da sociedade civil, alguns espaços junto ao antigo DEPEN, Secretaria
Nacional de Políticas Penais, e trabalhando sempre para o desenvolvimento da
Polícia Penal e do Sistema Penitenciário da Paraíba.
Qual leitura você faz hoje do Sistema Prisional Paraibano em
comparação ao primeiro ano e quais lições/aprendizado você destacaria na sua
trajetória profissional?
Primeiro, é preciso
respeitar e reconhecer a história daqueles profissionais que atuaram no sistema
prisional paraibano antes da realização do concurso de 2008. Foi importante
demais o aprendizado com esses profissionais. No entanto, ao longo desses mais
de 15 anos, é importante reconhecer os avanços que a nova turma de
profissionais conseguiu desenvolver dentro do Sistema Prisional Paraibano.
Foram criados novos setores, novas funções, foram assumidas novas atribuições,
foram conquistados alguns avanços no que diz respeito também ao reconhecimento
profissional e institucional, fomos agraciados também com grandes resultados no
campo da garantia de direitos, no campo da garantia da segurança, então o
saldo, depois de tanto tempo de serviço prestado, penso eu, é um saldo de
evolução positiva.
Para você, o que representa ser policial penal, integrar a
mais jovem Força de Segurança Pública da Paraíba?
Ser policial penal é
cumprir uma missão, primeiro constitucional, de defesa do cidadão na dimensão
mais ampla da palavra, contemplando não só a segurança, mas sobretudo a geração
de direitos e oportunidades, atuando em conjunto com as demais forças, para que
possamos ter todos uma vida mais tranquila. Também é cumprir uma missão ética
de acreditar na capacidade humana de reinventar sua história de vida, acreditar
na construção de uma sociedade mais justa, acreditar que podemos contribuir
para isso é o que justifica nosso trabalho.
Quais os desafios seus enquanto agente essencial nesse
processo de formação da Polícia Penal e por consequência na evolução do sistema
prisional do estado?
O desafio é trabalhar em
um espaço que carrega uma história de estigmas e preconceitos sociais, é
trabalhar em uma força policial nova que está ainda construindo a sua
identidade. O desafio é lidar com a cultura que muitas vezes não privilegia a
oportunidade, a geração de esperança. Mas tenho certeza que a Polícia Penal da
Paraíba tem se empenhado a fazer o seu trabalho da melhor maneira possível e
tem alcançado os melhores resultados possíveis.
Opine sobre essa produção literária dos últimos anos
específica sobre o sistema prisional, a Polícia Penal. Você considera relevante
contribuir, ser personagem, autor de artigos, de livros neste campo, escrevendo
as primeiras páginas da história quase centenária da Seap-PB?
A construção de uma
cultura de paz, a mudança da sociedade, a melhoria do sistema prisional e da
forma como tratamos a questão penal, ela depende também de estudo, de pesquisa,
de diálogo, do compartilhamento das experiências, da literatura. Então eu vejo
como uma forma importante de reforçar valores positivos do sistema prisional da
Paraíba e reforçar o que há de bom no trabalho que é feito dentro do sistema
prisional da Paraíba.
Já escreveu ou pretende escrever livro autoral ou com colegas
parceiros sobre temáticas relacionadas ao sistema prisional?
Estudar e produzir
textos, artigos, livros, trabalhos sobre o sistema prisional faz parte da minha
tarefa de professor, da minha tarefa de pesquisador, da minha tarefa de gestor
na área de educação em serviços penais. E eu tenho feito isso com grande
dedicação. Seja no espaço acadêmico, seja no espaço institucional da Secretaria
Penitenciária, seja no espaço nacional, nas oportunidades de publicação da
Secretaria Nacional de Políticas Penais, eu tenho procurado difundir essas
ideias e essas visões positivas sobre o trabalho que é feito pelos dedicados
policiais penais da Paraíba e assim também em relação a todos os policiais
penais e profissionais que atuam no sistema prisional brasileiro.
PERFIL
Nome: Mazukyevicz Nascimento
Local e data de
Nascimento: João Pessoa, 17/07/82
Formação: Policial Penal
na Paraíba. Diretor da Escola de Gestão Penitenciária da Paraíba. Doutor em
Direito e Desenvolvimento. Mestre em Ciências Jurídicas. Especialista em
Segurança Pública e Direitos Humanos. Professor Universitário. Foi consultor do
INEP/MEC na área de educação em prisões, membro do Conselho Editorial da
Revista Brasileira de Execução Penal e do Conselho Estadual de Direitos
Humanos.
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