sexta-feira, 28 de março de 2025

Fundação Casa de José Américo - Unidade Tambaú abriga Acervo de Simeão Leal

                                                                    Divulgação 


Um dos mais importantes acervos à disposição de visitantes e pesquisadores na Unidade Tambaú, da Fundação Casa de José Américo (FCJA), é o dedicado ao paraibano Simeão Leal, apontado como o primeiro grande editor público do Brasil. O material do administrador cultural e jornalista José Simeão Leal está sendo instalado na Sala 9 (Acervo Janete Lins Rodriguez) do novo equipamento a ser inaugurado às 15h desta sexta-feira (28), em João Pessoa. A Unidade Tambaú fica localizada à Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, 122, na capital paraibana.


Quando morreu na década de 1990, Simeão Leal morava no Rio de Janeiro (RJ) e a família doou o acervo para o Governo da Paraíba. “Esse acervo ficou rodando de lá para cá. Passou pela Biblioteca Pública, pelo Hotel Globo, passou pelo Iphaep, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e agora está aqui com a gente”, lembra Fernando Moura, presidente da FCJA.


O acervo possui mais de cinco mil livros, com um repertório amplo de temas; uma biblioteca que tem livros, por exemplo, autografados por Carlos Drummond de Andrade, Raquel de Queiroz, Jorge Amado, entre outros intelectuais brasileiros, “que eram todos pupilos de Simeão Leal”, que lançou esse público ainda quando era desconhecido.


Simeão, segundo Moura, identificou o potencial em cada escritor desses citados e resolveu banca-los, na época em que o paraibano estava no Ministério da Saúde e Educação, onde tinha um setor específico de publicações. “Simeão era um grande pesquisador. Pesquisou temas folclóricos, a medicina popular, a religiosidade de matriz afro”, completa o presidente da FCJA, ressaltando que, além dos livros, o acervo sob a guarda da FCJA tem toda a documentação de Simeão, correspondências, obras de arte… São mais de 600 obras de arte, das quais a grande maioria é pintada por ele próprio.


A transferência do acervo documental de José Simeão para a Fundação Casa de José Américo foi finalizada em outubro do ano passado. O termo de transferência de documentos foi assinado entre a coordenadora do Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional (NDIHR) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ana Andréa Vieira de Castro, e o presidente Fernando Moura.


O acervo estava sob a guarda provisória do NDIHR, órgão suplementar do Gabinete da Reitoria da UFPB, desde 2003, após o Decreto 23.753, de dezembro de 2002. Com a criação do Centro de Pesquisas Simeão Leal (CPSL) na Fundação Casa de José Américo, pelo Decreto 45.245, de 6 de julho de 2024, a transferência do acervo foi iniciada em 29 de agosto de 2024.


Desde a transferência, pesquisadores, historiadores, arquivistas, bibliotecários, entre outros servidores da FCJA, começaram a trabalhar o material histórico recebido, que contém desde correspondências, pesquisas sobre cultura popular, obras raras da literatura, recordes de jornais, artigos de periódicos, documentos textuais a documentação sobre arte (cinema, teatro etc.), fotografias, arquitetura e sociedade.


Antes disso, parte do acervo que já estava abrigado e conservado na FCJA já vinha sendo utilizado em diversas pesquisas acadêmicas, resultando em monografias, dissertações e teses. O acervo completo e a memória pessoal de Simeão ficarão ficaram ainda mais protegidos com a criação do Centro de Pesquisas Simeão Leal da FCJA.


Em sua edição do dia 6 de julho de 2024, o Diário Oficial do Estado da Paraíba (DOE-PB) trouxe publicado o decreto que institui o Centro de Pesquisas Simeão Leal. A iniciativa visava preservar e divulgar “o rico acervo pessoal de José Simeão Leal, uma notável figura da cultura brasileira”. O governador João Azevêdo, no decreto, destacou a importância cultural do acervo de Simeão Leal, composto por livros, objetos e documentos pessoais, além de obras artísticas de sua autoria.


“O acervo é fundamental para a preservação da memória cultural nacional, regional e local”, destacou João Azevêdo à época. O decreto governamental teve como objetivo reunir e proteger esse acervo, promovendo sua divulgação e estudo contínuo. Localizado na Fundação Casa de José Américo, na capital paraibana, o Centro de Pesquisas é composto por três núcleos: o Núcleo do Acervo Arquivístico, o Núcleo do Acervo Bibliográfico e o Núcleo do Acervo Artístico. Eles têm a missão de salvaguardar e difundir o acervo de José Simeão Leal, além de promover ações educativas e a preservação dos documentos e obras.


José Simeão Leal nasceu no município de Areia, na Região do Brejo paraibano, em 13 de novembro de 1908. Foi um administrador cultural, diplomata, crítico de arte, jornalista, médico e colecionador. Influenciado pela mãe e pelo tio e padrinho, o escritor e político José Américo de Almeida, desenvolveu o gosto pela literatura. Em 1919, mudou-se para João Pessoa com sua família e, posteriormente, ingressou no Liceu Paraibano. Iniciou o curso de Medicina em 1926, na Faculdade de Medicina do Recife (PE), mas transferiu-se no ano seguinte para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde concluiu a graduação em 1936.


Ao longo da vida, Simeão Leal “contribuiu significativamente” para a cultura brasileira. Ele foi responsável por divulgar talentos como Clarice Lispector, Tiago de Mello e Tomás Santa Rosa. Além disso, dirigiu e publicou importantes revistas culturais e “desempenhou um papel crucial” na Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).


Simeão é considerado uma figura central na cena literária, cultural e artística do Brasil. O paraibano se destacou como um dos grandes incentivadores do movimento editorial no setor público brasileiro. Fundou e dirigiu várias publicações e participou ativamente de organizações culturais tanto no Brasil quanto no exterior. Recebeu diversas homenagens, incluindo a Medalha Rui Barbosa, o título de Cavaleiro da Ordem do Mérito da República Italiana e o prêmio de Personalidade do Ano de 1991. Simeão morreu aos 87 anos, no Rio de Janeiro, em 6 de julho de 1996.

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