A crônica está publicada no livro Mulheres que fazem acontecer no Sistema Penitenciário da Paraíba, obra lançada em 2024, idealizada e editada por Josélio Carneiro, jornalista e policial penal
É
cor de rosa, choque.
Anna Amélia Dantas de Almeida Feitosa Lopes
Diretora da cadeia da cidade de Santa Luizia
Três horas se passaram,
em meio à aurora quebradiça, a equipe levanta para iniciar mais uma rotina.
Chaves, molhos delas, são o novo adereço junto a tantos outros que um dia
sequer imaginaram usar. A reclusão espera pelos seus beleguins, os destemidos
homens e tantas mulheres, que ombro a ombro enfrentam a missão com bravura e,
por vezes, uma ponta de resignação.
Abre cadeados, fecha-os, sirenes
soam, é hora de mais uma chamada, centenas de nomes e rostos conferidos, todos
os dias, mais de uma vez, alguns permanecem, outros aparecem, outros já não
estão mais.
O sol ao céu, espectador
da luta diária, ilumina o pátio repleto de marchas céleres, enfileiradas,
calibre 12 nas mãos, rostos que refletem sonhos, esperança, um mosaico variado
de histórias, cada um com seu caminho, suas agruras e conquistas, são eles, os Policiais
Penais, os protagonistas do Sistema Penal.
Nessa Profissão, algumas
são mulheres, misturadas ao mar de homens, são mães, esposas, filhas, que
vestem ali mais uma de suas versões, deixando no aconchego do lar sua prole,
sua família, seus amores, verdadeiros, para se jogarem na paixão de viver à
frente das grades, suportando com os homens, em pé de igualdade, a periculosidade
da missão.
Unhas pintadas, lábios
cor de carmim, são a Eva, de Rita Lee, bela, frágil, delicada; mas que também é
fera, forte e dissimulada, e o sorriso de quem nada quer é sua arma, na luta
por seus direitos e desejos.
Encorajando-as estão
tantas Hildas, Kates, Floras, Claras, Rosas, Marias, Berthas, Laudelinas, Anas,
mulheres incansáveis que moldaram o mundo com sua dedicação. Das revoluções
industriais às lutas por direitos trabalhistas, direito ao voto, cada conquista
foi alcançada por aquelas que se ergueram em busca de justiça e dignidade,
aguentando amargas e sofridas retaliações. São essas histórias de resistência e
superação que inspiram a enfrentar os desafios diários de uma profissão tão
desafiadora, onde é necessário travar batalhas com vários gigantes com coragem
e força.
Desde 8 de março de 1975,
o mundo celebra o “Dia Internacional da Mulher”, momento de lembrar todos essas
lutas e conquistas, inspiradas por todas “aquelas” que foram a vanguarda para
chegarmos até aqui, sendo igualmente, sinônimo de perseverança, dando um choque,
choque de realidade, choque de feminilidade, choque de competência, choque de
luta por igualdade, choque no ultraje, choque de independência, choque de amor
e assim dar e ser exemplo para tantas outras mulheres que sonham alcançar o que
alcançamos.
Feliz dia da Mulher, que
hoje é o que quiser!
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