segunda-feira, 2 de junho de 2025

Entrevista CARLOS AUGUSTO MOURA COELHO


Apresentamos mais um autor do livro Policiais Penais da Paraíba - PERFIS



QUAL FOI A IMPRESSÃO NOS PRIMEIROS DIAS OU MESES NO SISTEMA PRISIONAL PARAIABANO E POR ONDE COMEÇOU, QUAL A UNIDADE?

Ingressei no sistema prisional da Paraíba em 2014, e, naquela época fui designado para iniciar meus trabalhos como Agente de Segurança Penitenciária no presídio Silvio Porto onde começou minha trajetória profissional.

Os primeiros dias sempre foram desafiadores com moldagem na nova profissão que exigia um preparo mental, físico e emocional para lhe dar com as diversidades do dia a dia do ambiente prisional.

PASSADOS ESSES ANOS, EM QUAIS outras UNIDADES PRISIONAIS ATUOU E QUAIS AS FUNÇÕES/CARGO EXERCEU?

Iniciei no Presídio Sílvio Porto. Passados seis meses, fui escolhido pelo então diretor Cap. Lima (hoje Cel. Lima) para exercer a função de coordenador de plantão. 

Em seguida, em 2016, realizei o curso CESAR (FTPEN ). No mesmo ano realizei o curso CEITEP (GPOE). Já em 2017 realizei o curso de Condutor de Cães Penitenciário.

Em 2017 fui nomeado diretor da cadeia de Alagoinha. E em 2018 fui nomeado diretor da Cadeia de Itabaiana, cumulativamente.

Posteriormente, em 29/01/2019 fui nomeado diretor adjunto do presídio do Roger.

Já em 21/12/2020 fui nomeado diretor titular da Penitenciária de regime especial Desembargador Francisco Espínola. 

Em junho de 2022 fui nomeado através de portaria para ocupar a função de Diretor Administrativo do Grupo Penitenciário de Operações Especiais (GPOE).

Em maio de 2024 assumi através de portaria a função de coordenador geral do Grupo Penitenciário de Operações com Cães (GPOC).

Gostaria de destacar, que em 2023 realizei o 1º CNP (Curso de Negociação Policial) através da Secretaria de Administração Penitenciária com a autorização do atual secretário da pasta o Dr. João Alves.

Em 2024 fui credenciado como instrutor da Academia da Policia Penal nas disciplinas de armamento e tiro e gerenciamento de crises.


QUAL A LEITURA VOCÊ FAZ HOJE DO SISTEMA PRISIONAL PARAIBANO EM COMPARAÇÃO AO PRIMEIRO ANO E QUAIS LIÇÕES/APREENDIZADO VOCÊ DESTACARIA NA SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL?


Atualmente é incontestável os avanços alcançados no sistema prisional em comparação com a  precariedade do início no sistema. É possível perceber o desenvolvimento significativo no âmbito institucional e a evolução contínua, as mudanças e as modernizações com o passar de todos esses anos. E todas essas conquistas refletem no esforço de todos em prol de uma identidade profissional cada vez mais forte e respeitada.

Com o passar dos anos e ao olhar para trás, percebo como evolui profissionalmente junto com o Sistema Penitenciário Paraibano, pois no início da trajetória havia diversas limitações em vários âmbitos. Hoje, vejo que todas as perdas, quedas e ganhos serviram como aprendizado e amadurecimento para a construção de um servidor cada dia mais atuante e um sistema cada vez melhor que se preocupa junto com seus profissionais em buscar soluções para crescimento e desenvolvimento institucional. Em suma, destacaria como aprendizado na minha trajetória profissional o meu esforço e a minha dedicação para contribuir com esse crescimento. 


NOS FALE UM POUCO SOBRE ESSA MISSÃO QUE DEPENDE MUITO DE UMA EQUIPE ARTICULADA, QUALIFICADA E COMPROMISSADA?


Durante o período em que estive à frente da direção de uma unidade prisional, compreendi profundamente que essa missão só possível com uma equipe verdadeiramente articulada, qualificada e comprometida. Gerir uma penitenciária vai muito além da administração de pessoas de provada de liberdade, é garantir segurança, ordem e, sobretudo, dignidade, mesmo em um ambiente adverso. 


A rotina exige decisões rápidas, firmes e muitas vezes difíceis e por isso o trabalho em equipe é essencial. Um dos pilares mais importantes é a confiança mútua entre os setores: segurança, saúde, assistência social, psicologia, disciplina, entre outros. O sucesso de qualquer ação seja uma movimentação interna, uma revista geral ou até mesmo projetos de ressocialização depende da sintonia entre essas frentes. 

Investir na qualificação constante do efetivo também é algo que encarei como prioridade.

Uma equipe bem treinada reage melhor às crises, comunica-se de forma mais eficiente e lida com os internos com mais preparo técnico e operacional. Mas nada disso funciona sem o comprometimento. É ele que faz com que, mesmo com recursos escassos e sob pressão, a equipe continue se dedicando, mantendo a disciplina e a ordem, cuidando para que o ambiente não descambe para o caos. 

Dirigir uma cadeia é, antes de tudo, saber liderar pessoas e isso exige respeito, diálogo e presença constante. É uma missão desafiadora, mas extremamente necessária para a segurança pública e para a reintegração social buscando sempre a dignidade da pessoa humana. 


PARA VOCÊ, O QUE REPRESENTA SER POLICIAL PENAL, INTEGRAR A MAIS JOVEM FORÇA DE SEGURANÇA DA PARAÍBA?

Ser policial penal da mais nova força policial da federação representa, antes de tudo, um marco de transformação e valorização do sistema penitenciário. Essa nova identidade, reconhecida oficialmente como força policial, carrega consigo uma série de significados importantes: 

 - Reconhecimento institucional: é o reconhecimento da policia penal como uma força essencial para segurança pública, lado a lado com as Policias Civil, Militar e Federal.  Isso legitima o trabalho que já havia sendo feito e amplia as possibilidades de atuação e valorização profissional. 

- Responsabilidade e protagonismo: Ser Policial Penal hoje na Paraíba significa assumir um papel de protagonismo na custódia, controle e ressocialização de pessoas privadas de liberdades. Além disso, com a nova estrutura, esses profissionais podem ser empregados em ações externas, escoltas, operações integradas, inteligência penitenciária, entre outras funções mais complexas.

- Orgulho e identidade: A criação da Policia Penal estadual traz também um sentimento de orgulho e identidade para a categoria é deixar de ser visto apenas como “Agente Penitenciário” e passar a ser reconhecido como um profissional de segurança pública em sua plenitude. 

- Desafios e evolução: Com o novo status surgem também novos desafios: capacitação contínua, modernização das estruturas, combate à corrupção e enfrentamento do crime organizado dentro e fora dos presídios. Ser Policial Penal é estar na linha de frente dessa luta com coragem, técnica e ética.

- Esperança de mudança: Por fim, representa a esperança de um sistema prisional mais justo, mais seguro e mais eficiente. Onde a disciplina e a dignidade possam andar juntas, e onde a lei realmente se cumpra. 

QUAIS O DESAFIOS SEUS ENQUANTO AGENTE ESSENCIAL NESSE PROCESSO DE FORMAÇÃO DA POLICIA PENAL E POR CONSEQUÊNCIA NA EVOLUÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO?

Enquanto agente essencial na formação da Policia Penal da Paraíba, meu maior desafio é contribuir ativamente para a construção de uma corporação sólida, ética e tecnicamente preparada. A transição do antigo sistema penitenciário para uma estrutura mais profissionalizada exige romper paradigmas, implementar práticas modernas de segurança e reintegração social, além de promover uma cultura organizacional baseada em disciplina, valorização humana e respeito aos direitos fundamentais.

Nesse contexto, meu papel se torna ainda mais desafiador, pois exige não apenas conhecimento técnico e comprometimento institucional, mas também sensibilidade para lidar com as complexidades sociais que envolvem o sistema prisional. O objetivo maior é colaborar para que a Policia Penal seja reconhecida como uma força essencial à justiça, à segurança pública e à ressocialização dos custodiados, contribuindo diretamente para a evolução e humanização do sistema prisional do Estado da Paraíba.

OPINE SOBRE ESSA PRODUÇÃO LITERÁRIA DOS ÚLTIMOS ANOS ESPECÍFICA SOBRE O SISTEMA PRISIONAL, A POLÍCIA PENAL. VOCÊ CONSIDERA RELEVANTE CONTRIBUIR, SER PERSONAGEM, AUTOR DE ARTIGOS, DE LIVROS NESTE CANTO, ESCREVENDO AS PRIMEIRAS PAGÍNAS DA HISTÓRIA QUASE CENTENÁRIA DA SEAP-PB?


A produção literária recente sobre o sistema prisional da Paraíba, especialmente no contexto da Polícia Penal e da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP-PB), representa o marco significativo na construção da memória institucional e na valorização dos profissionais que atuam nesse setor.

Nos últimos anos, a SEAP-PB tem investindo na publicação de obras que registram e analisam as transformações ocorridas no Sistema Prisional paraibano. Destacam-se três publicações:

- Reinserção o Sistema Prisional Paraibano: Idealizado e editado pelo jornalista e Policial Penal Josélio Carneiro, este livro é uma coletânea de depoimentos de servidores da SEAP-PB.

- SEAP 95 anos – Secretaria de Estado da Administração Penitenciária: Publicada em 2023 esta obra traz registros históricos sobre as origens da secretaria, além de artigos de profissionais e dos secretários Dr. João Alves e João Paulo Ferreira Barros.

- Mulheres que fazem acontecer no Sistema Penitenciário da Paraíba: Lançado em 2024, este livro reúne artigos científicos e relatos de experiência de 35 mulheres, incluindo policias penais, jornalistas, professoras, assistentes sociais entre outras, destacando o papel feminino no Sistema Penitenciário Paraibano. 


  PRETENDE ESCREVER LIVRO AUTORAL OU COM COLEGAS PARCEIROS SOBRE TEMÁTICAS RELACIONADAS AO SITEMA PRISIONAL?


Sim, pretendo ainda escrever sobre este tema com a minha experiência acumulada ao longo dos anos no sistema prisional da Paraíba. Especialmente no campo administrativo operacional onde atuei como gestor em diversas unidades adquirindo assim, uma bagagem sólida. 


PERFIL

NOME: CARLOS AUGUSTO MOURA COELHO

DATA DE NASCIMENTO: 05/03/1975

FORMAÇÃO:

 - GRADUADO EM PEDAGOGIA;

- GRADUADO EM DIREITO;

- GRADUANDO EM  MEDICINA VETERINÁRIA;

- PÓS GRADUADO EM GESTÃO DE SISTEMAS PRISIONAIS

- PÓS GRADUANDO EM CINOTECNIA POLICIAL

INGRESSO NO SISTEMA: 05/08/2014


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